Em um momento que problemas neurológicos, como amnésia e Alzheimer, ainda são foram eliminados do cotidiano da humanidade, uma dúvida surge na cabeça das pessoas: como “treinar” nosso cérebro para que problemas como esse não nos atinjam? Se, por um lado, uma resposta definitiva para isso ainda não é possível de ser dita, por outro, é possível pensar em atividades que estimulem nossas conexões neurais e, entre outros benefícios, retardem as perdas cognitivas e de memória ocasionadas pela idade e previnam doenças como o mal de Alzheimer. É o caso, por exemplo, dos estudos para o aprendizado de um novo idioma.
Segundo o neurologista Eduardo Silva, do Centro Cérebro e Coluna, de São José do Rio Preto, a perda de capacidade cognitiva humana acontece, normalmente, após o período de menopausa ou andropausa, quando a produção de hormônio diminui. No entanto, além da idade, outros fatores contribuem para isso, como os genéticos e comportamentais ambientais. O primeiro, como o nome supõe, já está com o indivíduo desde o nascimento, enquanto os fatores comportamentais ambientais são determinantes para a perda ou prolongamento da capacidade cognitiva. “Quanto mais uma pessoa tiver uma vida saudável e com atividade mental ativa, além de controle emocional, mais tempo manterá suas capacidades cognitivas, como atenção, concentração, memória e lucidez”, diz Silva.
Foi preocupado com isso que o aluno da CCLi Consultoria Linguística José Maestrelli se adiantou e fez matrícula em um curso de inglês. Maestrelli é corretor de imóveis e afirma que não tem pretensão curricular nenhuma ao aprender o novo idioma. Sua ideia principal com o desafio é melhorar o desempenho de seu cérebro. “Já havia percebido que minha memória estava começando a ‘falhar’”, diz. “Depois que me matriculei no curso, há quase um ano, já consigo perceber as melhoras, além dos benefícios culturais que isso me proporciona, claro”.
O médico explica que isso acontece porque o cérebro é como qualquer músculo de nosso corpo, então, quanto mais ativado, mais se desenvolve. “O cérebro tem uma grande reserva de neurônios que, a partir do momento que são estimulados, formam novas sinapses capazes de aumentar a capacidade cerebral”, explica. “No aprendizado de uma nova língua, há estímulos das áreas responsáveis pela visão, audição, cinestesia, linguagem, associação, atenção, interpretação e codificação”.
Segundo o diretor da CCLi Consultoria Linguística, Daniel Rodrigues, empresa que oferece cursos de diversos idiomas, o grande segredo para o público da melhor idade é encontrar um local que dê suporte às suas necessidades específicas. “É um público com perfil bastante específico, então as aulas e a metodologia devem ser adaptadas para eles”, resume Daniel, que ainda enaltece um estudo do professor Francisco de Brito, da Unifesp, que revela que não há impedimento cognitivo nenhum em aprender coisas novas depois de certa idade: pelo contrário, só há benefícios. “Se você já tem 50 ou 60 anos e quer se matricular em um curso, não há razão para achar que o tempo já passou. Você ganha qualidade de vida e saúde com isso”.