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Em crescimento nos EUA, mercado de livros digitais vira debate na Flip

Com as vendas de livros digitais ultrapassando os números dos exemplares de capa dura nos EUA, segundo a livraria on-line Amazon, o crescimento do mercado de livros eletrônicos é um dos poucos assuntos que consegue atrair a atenção de editores, escritores, pesquisadores e livreiros, cada um com seus interesses e preocupações.

O espaço para este formato está crescendo nos últimos anos nos EUA, com o lançamento de aparelhos como o Kindle, da Amazon, e o iPad, da Apple, que prometem dar ao consumidor uma experiência semelhante a de ler um livro no conforto de sua poltrona.

A Festa Literária Internacional de Paraty, que começa nesta quarta-feira (4) vai contar com duas mesas, chamadas “O futuro do livro capítulos 1 & 2”, para discutir o tema. O historiador Robert Darnton, diretor da biblioteca da Universidade de Harvard, nos EUA, vai participar dos dois debates, e promete trazer uma perspectiva histórica para as novas tecnologias.

“Nós estamos vivendo neste período de transição, onde a mídia impressa está em crise e a mídia eletrônica está crescendo, mas ainda não se adaptou às necessidades dos leitores”, explica Darnton em entrevista por telefone ao G1.
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Apesar de falar sobre o futuro dos livros, o acadêmico não possui nenhum leitor digital. “Tenho 71 anos, sou um leitor à moda antiga, gosto de ler devagar, fazendo anotações”, justifica, dizendo-se envergonhado.

Mesmo assim, ele está otimista depois dos novos dados divulgados pela Amazon. “Eu costumava pensar que aparelhos como o Kindle não serviam para livros grandes, que exigem esforço. Eles são ótimos para ler ficção mais leve, para levar em uma viagem. Mas agora estou mudando de ideia. Talvez as pessoas estejam usando mais esses aparelhos do que se imagina”.

Mercado embrionário

Sergio Herz, diretor de operações da Livraria Cultura, que abriu em março deste ano uma seção para livros eletrônicos de sua loja virtual, não é tão otimista quanto ao presente desse mercado. Citando dados do Book Industry Study Group (Grupo de Estudos da Indústria de Livros), ele afirma que apenas 46% dos leitores eletrônicos foram adquiridos nos EUA para consumo próprio, e o restante foi comprado para ser dado de presente.

“Dos usuários que compraram um desses aparelhos para uso próprio, apenas 29% afirmam que ele vale o preço”, complementa. Otimista com o futuro, ele diz que o mercado brasileiro ainda está em uma fase “embrionária”, e lista boas novidades no país, como o primeiro leitor eletrônico de fabricação nacional, o Alfa, da Positivo Informática.

O aparelho que vai custar entre R$ 600 e R$ 800 segundo Herz, começa a ser vendido com exclusividade pela Cultura a partir do dia 10. Ele deve ser compatível com extensões como ePub, PDF e TXT, alguns dos formatos mais comuns para livros digitais, usados pela Cultura. Porém, assim como seus similares, não é compatível com os livros vendidos pela Amazon, que só podem ser lidos pelo Kindle.
Carlos Eduardo Ernanny, da Gato Sabido, com o Coll-er: primeiro leitor digital à venda no Brasil.Carlos Eduardo Ernanny, da Gato Sabido, com o
Coll-er: 1º leitor digital do Brasil. (Foto: Divulgação)

O Alfa deve enfrentar a concorrência do Cool-er, aparelho de fabricação chinesa importado para o Brasil pela Gato Sabido, primeira loja de livros eletrônicos do país, e que é vendido no site por R$ 749. Carlos Eduardo Ernanny, que criou a loja no fim de 2009, diz que o aparelho foi essencial para montar seu negócio.

“Fomos a feiras grandes na China procurando um fornecedor, afinal não faria sentido abrirmos uma livraria virtual sem um leitor eletrônico à venda no país”, explica. Ele diz que a margem de lucro sobre o aparelho é pequena e que os impostos são a principal causa do seu encarecimento.

A Gato Sabido nasceu de um sonho antigo de Ernanny, que enxergou no mercado digital uma oportunidade de trocar a publicidade pelo mundo dos livros. “Foi a maneira de entrar nesse universo trazendo algo inédito para o Brasil”, lembra.

Apesar da pressa em montar o negócio rapidamente, ele diz ter paciência com o crescimento do mercado. “É um modelo que ainda está sendo estruturado, as editoras não sabem lidar com isso direito, os autores muito menos”, constata.

Organização e investimentos

Tanto Ernanny quanto Herz comemoram a criação da Distribuidora de Livros Digitais, iniciativa das editoras Record, Objetiva, Rocco, Intrínseca, Sextante e Planeta, que pretende aumentar o número de títulos digitais disponíveis no país, com um investimento de R$ 2 milhões até 2011.

“O melhor que pode acontecer para gente é isso, as editoras se organizando, vai aumentar nosso acervo e permitir que os leitores encontrem mais variedade”, afirma Herz. Outras editoras também se preparam para o futuro digital, como a Companhia das Letras, cuja linha Penguin vai seguir o modelo britânico lançando livros simultaneamente impressos e virtuais. O diretor da Penguin, John Markinson, vai inclusive participar de um dos debates com Darnton na Flip.

Mas apesar da corrida pelo mercado digital, o acadêmico adverte que estamos bastante longe de vermos o fim do livro impresso. “Uma nova mídia não significa a morte da anterior”, explica, fazendo um paralelo histórico. “Quando Gutenberg apareceu com a imprensa, além de as vendas de livros impressos dispararem, os livros manuscritos, copiados do jeito antigo, também começaram a vender mais. Até o início do século XIX as pessoas continuaram copiando e vendendo livros manuscritos”.

Ele acha que os dois formatos só tem a ganhar com o mundo digita. “Nós não estamos falando de livros impressos contra livros eletrônicos, mas do crescimento de um mercado em geral”, afirma, citando uma projeção de que 1 milhão de novos títulos impressos serão lançados anualmente na próxima década. “Nunca se produziu tantos livros”.

Fonte: G1
www.g1.com.br

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